segunda-feira, 19 de junho de 2017

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A034 – Cap. 13 – Solução inesperada – Segunda Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco
 
A034 – Cap. 13 – Solução inesperada – Segunda Parte
 13 - Solução inesperada
 
Receava a nobre senhora não suportar as últimas dores. Encontrava-se enferma, e embora não desfalecesse na fé, em circunstância alguma, acusava-se cansada, receosa, desalentada...
Vencida por choro convulsivo, apoiou-se no intimorato espírita e, sob a sua aura fortificante, dele recebeu a energia revigorante de que necessitava. Paulatinamente foi-se acalmando, recompondo-se.
Além do esposo nesse estado de desespero, Marta recolhera-se ao quarto, possessa pelo ódio surdo, recusando-se a sair. Mesmo sabendo do que acontecera ao pai, reagia contra ele, continuando na tônica da revolta.
Depois de alguns instantes de reflexão, Petitinga convidou-nos a acompanhá-lo à peça em que Marta se demorava, e, com a autoridade moral que o aureolava, saudou-a. Conquanto não fosse correspondido, o seu verbo correto advertiu-a:
— Marta, minha filha, o dever da solidariedade induz-me a procurá-la, em nome de sua aflita mãe e do seu pai agonizante... Não nos animam quaisquer propósitos de invectivá-la, tecendo considerações injuriosas ou censuráveis aos últimos acontecimentos que abalaram este lar. Nutrimos o são desejo de lutar para que não se acumulem danos sobre novos danos numa avalanche de gravames mais desesperadores, cada vez piores... Você sabe por experiência pessoal que a morte é entrada na vida, reexame de atos, reencontro com a consciência, mesmo quando esta jaz entorpecida pela ignorância ou anestesiada pelo crime... Todos sabemos que a vida nos dá o de que temos necessidade para o nosso progresso espiritual e, consequentemente, pai, mãe, familiares e amigos são peças importantes, indispensáveis para a nossa evolução. Como nos comportamos em relação a eles, oneramo-nos ou não de responsabilidades negativas novas, que atiramos na direção do futuro... Por isso e por muitas outras razões, você não se pode manter na posição em que se refugia agora, na qual se vem sustentando até aqui...
A filha mais velha dos Soares continuava silenciosa, emitindo raios de surda dólera refreada a custo.
Perfeitamente senhor da situação, Petitinga propôs:
- Se você nos permite, filha, aplicar-lhe-emos passes magnéticos para ajudá-la na difícil decisão e sustentá-la nas provas que lhe advirão como resultado da sua teimosia. Oraremos juntos, encontraremos Jesus que nos oferecerá braço amigo para prosseguir e venceremos o caminho da reforma íntima sob o divino amparo.
Vencendo o mórbido silêncio, Marta rugiu:
— Agradeço o seu interesse. Encontro-me muito bem e estaria melhor se não fosse perturbado o meu sossego com a sua presença...
Demonstrando a perícia em lidar com obsessos e obsessores, o então Presidente da União Espírita Baiana, muito calmo, respondeu:
— Deixá-la-íamos no sossego a que você se refere, caso as suas atitudes não fossem fatores de perturbação e desordem neste lar. Aqui estamos em nome de sua genitora, que arca com o ônus de pesados sofrimentos, exercendo a função de mãe e pai para que o lar não padeça miséria econômica nem moral. Onde o seu dever de filha, de irmã, que tudo recebeu e nada retribui? Já que você não ajuda, não tem qualquer direito de criar dificuldades. Você é adulta e tem responsabilidades perante a Vida. Não deslustre mais a sua consciência, teimando em perseverar no erro espontaneamente aceito. Ajude-nos, filha, a ajudá-la.
— Não necessito do senhor. Eu tenho os meus Guias... Poderosos, eles são as forças atuantes da Natureza; indestrutíveis, governam o mundo; rigorosos, sabem fazer e desfazer...
— E porque não lhes roga auxílio para ser útil e nobre, socorrer e amparar quem lhe ofereceu a roupa carnal? Porque não a seguraram ontem, impedindo o desfecho deplorável que a sua atitude violenta gerou?
— Porque eles são violentos, vingadores e conseguem imediatamente o que a tolerância e o amor não lobrigam. Estivesse a mim entregue a solução dos problemas daqui e já os teria resolvido desde há muito... Crê o senhor que eu não me sinto magoada, verificando que as forças de que sou possuidora, na minha casa, não merecem consideração? Tenho clientes que lograram resultados muito bons com os meus recursos e os meus Guias me prometem: ou o meu povo se lhes submete ou eles os acabam...
— Tais Espíritos, minha filha, não são Guias: são cegos arrastando cegos ao abismo em que todos se precipitarão. Abastardados pela ignorância demoram-se na animalidade, exigindo retribuições materiais por se comprazerem nos fluídos densos e grosseiros de que se não podem libertar. Odiando-se a si mesmos, estabelecem o clima do ódio e, revoltados nos recônditos do ser, espalham rebeldia, ameaçadores, para governarem sob as nuvens sombrias do medo... Fracos, procuram dividir para imperar... Dizendo-se temíveis, vivem temerosos, fugindo à consciência e descendo cada vez a vexames maiores nos quais se enredem, infelizes. Não, filha, não são poderosos, nem indestrutíveis, nem rigorosos; são primitivos que a vampirizam e se nutrem do plasma mental dos que, como você, caem presas fáceis dos seus ardis e mancomunações.
— Pois saiba que eles podem fazer o que os senhores jamais conseguiriam. Libertam as vítimas da obsessão pela força, arrancando os seus perseguidores com os poderes que possuem. E os senhores, que fazem?
— A violência não liberta e a força não convence. A vitória do poder da força é ilusório, porque ela mesma gera a força da reação que a destrói. O que você diz ser libertação em caso de obsessão, invariavelmente são ardis de que se utilizam os benfeitores com os agressores: vivendo o mesmo tônus vibratório, combinam uma libertação falsa, dando a sensação de liberdade àqueles que lhes estão nas tenazes, para voltarem depois mais violentos, perturbados e perturbadores... Outras vezes investem com recursos próprios de que se utilizam, e, odientos, apavoram os outros perseguidores, transferindo o pagamento do enredado na obsessão para clima mais danoso e mais difícil, portanto... Não se iluda: a sombra sobre a sombra não produz claridade. Uma gota de luz vence a treva; todavia, a abundância da segunda nada consegue em relação à primeira... A impiedade nada produz. A única força eficiente é a que se deriva das reservas morais, a do espírito superior, a que produz a emissão vibratória de alta frequência, que atua como força realmente poderosa, capaz de influir decisivamente na esfera das causas e, pois, consequentemente, no campo dos efeitos.
«Recorde-se de Jesus ante o endemoninhado Gadareno; o moço que sofria de ataques; as febres da sogra de Pedro; o cego de Jericó; o paralítico de Cafarnaum.... seria necessário ir adiante? Lembre-se da Sua força diante dos maus, dos falsos poderosos da Terra. O amor é o pão da vida e, como escasseia, a esperança da Humanidade cambaleia nas sombras da violência temporária, pois que o Reino do Amor logo advirá.
«Unamo-nos desde já, minha filha, no mesmo ideal de serviço, e liberte suas forças psíquicas das constrições que a infelicitam, oferecendo-as a Jesus, enquanto urge o tempo, iniciando vida nova a seu próprio benefício. Não olvide, neste momento, que o seu genitor agonizante entre a vida e a morte, ou como também poderíamos dizer entre a morte e a vida nova, em partindo, poderá deixar em você pesados crepes de remorso, de arrependimento tardio, improdutivo, inquietador. Agora é o momento: é tempo de reabilitar-se... Saia da noite e rume na busca do dia. Ore e inunde-se de reconforto. Não transfira o seu instante de felicidade... Iremos convidar sua mãe a acompanhar-nos na oração e dê começo, já agora, à sua ressurreição, a um renascimento espiritual... »
O poder dos argumentos e a força moral do velho doutrinador acalmaram a atormentada e, a um sinal, dispusemo-nos a buscar Dona Rosa, que esperava do lado de fora, sendo introduzida no recinto em que estávamos.
Solicitado à oração, procurei erguer-me ao Senhor e suplicar-Lhe o concurso. Enquanto isso, o Apóstolo da caridade espiritual ministrava recursos fluídicos e magnéticos na sensitiva comprometida. Depois da cuidadosa operação espiritual, levantou-se e, visivelmente emocionada, agradeceu, comprometendo-se a visitar o genitor e meditar nas novas diretrizes que se lhe deparavam naquelas dolorosas circunstâncias.
O poder da oração! Quando os homens compreenderem e se utilizarem realmente dos recursos da prece, em muito se modificarão os cenários da vida moral na Terra!...
Cumpridos os deveres no lar dos Soares, demandamos o Hospital do Pronto Socorro para uma visita ao Sr. Mateus, considerando ser aquele o dia permitido. Conquanto se encontrasse em repouso absoluto, em câmara separada, Petitinga conseguiu do médico de plantão, com quem mantinha relações de amizade, permissão para orar em silêncio junto ao leito do paciente, no que foi atendido.
Conforme descrevera o médico amigo da família, o estado do pai de Mariana era deplorável. A respiração entrecortada por esgares dolorosos, as marcas da paralisia de todo um lado do corpo, denotavam a gravidade do problema.
Embora compungido, Petitinga, tranquilo, recolheu-se em oração, no que o acompanhamos silenciosamente. Transcorridos alguns minutos, retiramo-nos, fiéis ao compromisso de evitar perturbar o enfermo.
Já na rua o admirável sensitivo esclareceu-nos que notara a presença de Saturnino e a do Irmão Glaucus que ali estavam amparando o paciente e o assistindo, tendo registrado a intuição de que ele se recuperaria paulatinamente, através do tempo. Aquele era um sublime recurso de que se utilizava a Lei para ajudar o ancião temperamental na construção da própria felicidade eterna...
Não havia como duvidar da Divina Providência!
 
QUESTÕES PARA ESTUDO
 
1 – Conforme vimos no estudo anterior, depois da advertência de D. Rosa para a filha Marta, pedindo que parasse com suas práticas espirituais inferiores, ela avançou sobre a mãe. O Sr. Mateus, diante da cena e por tomar também uma atitude agressiva, sofreu uma embolia cerebral e suas feridas se reabriram... Agora, novamente no hospital, tinha prognóstico desfavorável.
Que práticas espirituais Marta executava? Por que eram inferiores?
 
2 – De que modo as entidades que cercavam Marta realizam “trabalhos espirituais”? Eles poderiam se sustentar no longo prazo?

 

Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

 

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